Por Cristina de Moraes Duarte
Nas últimas décadas, uma parcela considerável da comunidade científica tem se dedicado ao estudo das mudanças climáticas, tentando dimensionar as consequências das atividades humanas sobre o meio ambiente.
Agindo de maneira predatória em escala planetária, a espécie humana vem acentuando práticas que interferem (geralmente, para pior) nas dinâmicas e ciclos naturais da Terra.
As queimadas, os desmatamentos, a poluição dos corpos hídricos, a emissão de gases poluentes na atmosfera, a impermeabilização dos solos, o adensamento urbano, a monocultura, o acúmulo de lixo, a contaminação dos biomas e a extinção de diversas espécies são alguns dos impactos ambientais mais discutidos.
Mas é possível reverter
esse quadro catastrófico?
É preciso que acreditemos que sim. Enquanto educadores e educadoras, a esperança é um item de primeira necessidade para a construção das nossas práticas pedagógicas. Cuidar das novas gerações implica também um cuidado com o mundo e com o futuro da humanidade.
Embora a desertificação dos biomas, o efeito estufa e o fenômeno das ilhas de calor dos grandes centros urbanos sejam provocados (ou intensificados) por grupos e instituições de grande porte, cuja atuação é sempre em larga escala e cobrindo territórios enormes, as atitudes individuais também exercem influência sobre o meio ambiente.
Reverter os alarmantes índices de destruição do meio ambiente é uma tarefa urgente e coletiva.
Nós, que atuamos diretamente no cotidiano escolar, temos um papel essencial na formação ambiental e cidadã de crianças e adolescentes. Combater o desmatamento e a poluição se coloca como exercício de cidadania para todos nós, e a conscientização desses processos deve ser trabalhada desde a primeira infância.
Como no Brasil e também no Brasil!
No caso brasileiro, mais especificamente, a questão ambiental se apresenta como uma pauta fundamental para a construção dos projetos político-pedagógicos da educação básica.
De acordo com dados da organização Carbon Brief, o Brasil ocupava, em 2019, a posição de 4º maior emissor de gases poluentes na atmosfera, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia, porém com propensão a ocupar o topo desse ranking macabro dentro de poucos anos.
Para sairmos desse caminho perigoso, é necessário um esforço enorme e coletivo, envolvendo a mobilização dos poderes públicos, os profissionais da educação, a classe artística, os agentes de saúde, entre outros atores sociais cujas atividades envolvam as habilidades de comunicação e a formação de opinião.
O Brasil é um país com uma imensa biodiversidade, paisagens fantásticas e uma quase infindável riqueza de espécies, que contudo são constantemente ameaçadas pela mentalidade colonial e destrutiva dos grupos dominantes.
É preciso reorientarmos a nossa atenção para os apelos da natureza; é preciso nos reeducarmos para ler e ouvir aqueles sinais que os pequenos agricultores e os povos indígenas já conhecem bem: os pedidos de socorro de uma terra que já apanhou bastante, mas ainda resiste e floresce.
É urgente assumirmos uma práxis mais cuidadosa para com o espaço e as espécies.
Ainda há tempo!
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